“Noite de Reis” (título de um dos contos) é um livro de contos dividido em três momentos correspondentes as três cidades onde passei a maior parte de minha vida. As três cidades que contribuíram para me formar como ser humano; estribo e caldo de cultivo das histórias – Buenos Aires, Santos e Paraty
Colocando em ordem meus arquivos, percebi que eu tinha o corpo principal de mais 30 contos escritos no decorrer dos últimos 10 anos. Há dois anos, comecei a reconstrução dos mesmos. Havia, aqui e ali, lembranças autobiográficas, notas sobre comportamento humasno, linguajar, cacos de sonhos, angustia e felicidade de personagens que saiam da ficção para tomar vida própria. Escolhi dez contos dentre os trinta para serem publicados.
Vida e morte, fim e recomeço, são temas presentes nos três momentos – nos dois primeiros, Buenos Aires (a vida vista através dos olhos de uma criança) e Santos, esses binômios se apresentam de forma mais concreta, mais realista. No terceiro momento, Paraty, começo e fim se vêm confundidos como ondas interdependentes, com o improvável, com a magia da micro paisagem dessa cidade, algo difícil de acontecer na densidade urbana.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Mãe África
As crianças somalis... Precoces esqueletos. 29.000 crianças com menos de cinco anos morreram de fome nos últimos cinco anos.
Pertenço a uma geração que sonhava alto, muito alto. Íamos salvar o mundo! Naquela época era no Biafra que crianças morriam de fome. Eu recortava imagens de revistas e jornais e as guardava para mostrá-las um dia à minha filha para que soubesse como era o mundo quando ela era apenas um bebê. Estava segura (tão segura!) que a vida no futuro seria outra, afinal para isso lutávamos!
40 anos atrás! E as imagens se repetem. O mesmo grito escancarado, o mesmo olhar que pergunta: por quê?! Igualzinhos os ombros exíguos que mal sustentam a cabeça; a mesma pele enrugada e os vincos de ancião no rosto do que deveria ser um bebê risonho. Nos anos 80 cantamos “We are de world”, canção assassinada, anos depois, por uma integrante de uma das edições de um reality show, ridicularizada pela mídia. Ironicamente a participante era afro descendente.
Em vários sentidos, o Ocidente deve à África.
Quero lembrar aqui uma das dívidas.
O reconhecimento da arte africana se deu no começo do século XX, quando os artistas perceberam que estavam diante de uma nova forma de expressão, de liberdade de criação e de análise formal. O Cubismo de Picasso e Braque, Gris, Léger e outros, a arte mais cerebral do Século XX, inicia sua escalada com o quadro alucinante “Les Demoiselles d´Avignon” (1907) de Pablo Picasso, o primeiro quadro moderno de nosso tempo. Nessa obra, a influência das máscaras negras é definitiva. A escultura africana ensina a Picasso como deformar os corpos para criar uma estrutura homogênea entre as massas, inventando novas formas, como as dos artistas do Continente Negro.
Não somente o Cubismo, Fovismo e tantos “ismos” do começo do século XX, têm um débito com a arte africana, mas a música de Stravinskij, Prokofiev e Bartock.
Mas se houve por parte dos artistas europeus o reconhecimento do valor artístico da arte africana, não houve um aprofundamento sobre seu significado. As máscaras estão nas entranhas das cerimônias religiosas, casamentos, nascimentos, decisões bélicas, funerais, ritos de iniciação e cura de doentes. A máscara é uma “persona” mística que pode dar, a quem a usa, poderes que sem ela não teria. O artista que as produzia também usava uma máscara enquanto realizava a tarefa. Afastava-se dos povoados e adentrava na mata cumprindo uma série de rituais. A pureza do artista enquanto trabalhava era condição indispensável para o bom resultado da empreitada. Uma vez realizadas as obrigações e empunhada a faca para esculpir, tinha liberdade absoluta para criar.
As máscaras não são objetos de decoração ou curiosidade para serem espalhadas como elementos decorativos das residências. Quando colocadas nessas condições, acusam a ignorância e o desrespeito da cultura branca materialista pela cultura do sagrado.
sábado, 21 de maio de 2011
Homenagem a Pagu
Exposição coletiva intinerante "Homenagem a Pagu" por ocasião do lançamento do livro de Lucia Teixeira Furlani.
São duas assemblagens realizadas em monotipia, grafite com stencil, e recortes de imagens dos "Fantoches da meia noite" de Dicavalcanti. O tema solicitado pelo curador corresponde ao momento em que Pagu se encontra com Prestese se convence que aderindo ao Partido Comunista poderá lutar contra a injustiça social.
São duas assemblagens realizadas em monotipia, grafite com stencil, e recortes de imagens dos "Fantoches da meia noite" de Dicavalcanti. O tema solicitado pelo curador corresponde ao momento em que Pagu se encontra com Prestese se convence que aderindo ao Partido Comunista poderá lutar contra a injustiça social.
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